Acidente na Lagoa da Conceição

Nesta página você encontrará informações sobre o acidente que eu sofri enquanto velejava de Windsurf na Lagoa da Conceição em Florianópolis, no dia 1.o de abril de 2000. As razões pelas quais estou divulgando estas informações são as seguintes:

  • Para alertar a todos os velejadores para os perigos de acidentes envolvendo lanchas a motor.

  • Para pedir a todos os velejadores para que prestem atenção ao resultado deste processo que é importante para o futuro do Windsurf no Brasil.

RELATO CRONOLÓGICO

(As datas se referem ao dia em que as informações
abaixo foram introduzidas nesta página)

8 de agôsto de 2000:

No sábado, dia primeiro de abril (acredite se quiser!) eu fui atropelado por uma lancha a motor na Lagoa da Conceição, em Florianópolis.

O fato é que eu estava velejando num dia de vento sul razoavelmente forte, usando uma vela Gaastra 6.6 e uma prancha Fanatic Bee 274 e não vi nada até o momento exato do acidente. Num flash eu vi o casco branco da lancha aparecendo em velocidade do lado oposto à vela e no momento seguinte eu estava em baixo da lancha!

Provavelmente o gancho do trapézio não se soltou do kit e a prancha se enganchou em algo sob a lancha de forma que eu fui arrastado sob a água, por vários e angustiantes momentos, enquanto eu esperava pelo instante em que a hélice atingiria alguma parte do meu corpo...

A prancha foi partida ao meio pela hélice do motor (veja a foto) exatamente entre as alças, ou seja, entre os dois pontos onde, minutos antes, estavam os meu dois pés!

Por incrivel que pareça eu não sofri quase nada. Só um pequeno arranhão na canela direita! Entretanto todo mundo que viu o estado da prancha me diz que eu nasci de novo.

Depois do choque, que teve testemunha, o condutor da lancha prestou socorro me dando uma carona até a praia. Enquanto estavamos na lancha eu perguntei ao fulano se êle não estava me vendo no momento do acidente. Ao que êle respondeu que sim, mas que não desviou porque achava que eu iria desviar.

Alguns dias depois, diante do delegado em depoimento na delegacia da Lagoa, êle resolveu dizer que não estava me vendo. Afinal o meu mastro tem apenas cinco metros de altura!

Depois de chegar na praia eu marquei um encontro com o condutor da lancha na marina. Ao chegar lá eu exigi que ele pagasse pelos prejuízos, mas o fulano me ofereceu pagar apenas a metade! Segundo êle, pagar tudo corresponderia a admitir que êle fosse o culpado, o que êle não admitia!

Decidi então mover um processo na Capitania dos Portos contra o condutor da lancha. O processo funciona assim: é escolhido um encarregado do inquérito que organiza os depoimentos e a perícia. Após a conclusão desta parte inicial o encarregado emite um julgamento preliminar sobre quem é o culpado, que recebe então uma intimação. Este tem um prazo de dez dias para apresentar uma defesa, que é anexada ao processo, que por sua vez é enviado para o Rio de Janeiro para ser julgado por um juiz do Tribunal Marítmo.

No caso presente o condutor da lancha já foi intimado pelo encarregado do inquérito como culpado e teve até o início de agôsto para apresentar a sua defesa.


18 de setembro de 2000:

O encarregado do inquérito, Sr. Antônio Evaristo Alves, me informou que o processo foi enviado para o Tribunal da Marinha no Rio de Janeiro exatamente no dia 3 de agôsto de 2000. Lá o inquérito foi finalmente transformado em um processo que recebeu o número 18.964/00.


28 de maio de 2001: VITÓRIA AFINAL

No dia 25 de maio o juiz que cuida do processo criminal convocou uma audiência de conciliação na qual as partes são convidadas a discutirem a possibilidade de um acôrdo. O cara que me atropelou já tinha oferecido pagar a metade dos prejuízos, sem que eu tivesse concordado, de forma que eu não estava lá muito disposto a ceder.

Durante a audiência, depois que o juiz relatou quais seriam as consequências de não haver acordo (início do processo criminal em si, os processos civil, moral e outros bichos), o lancheiro aceitou a minha contra-proposta, pagou o grosso do prejuízo e eu me comprometi a não prosseguir com os procedimentos legais.

Um outro detalhe: o cara exigiu que, caso a decisão do processo na Marinha (que já foi iniciado e portanto vai prosseguir) seja a de que eu sou o culpado então eu fico comprometido a devolver o dinheiro. Concordei por duas razões: primeiro porque é bem sabido que uma embarcação à vela tem preferência sobre uma embarcação a motor. Em segundo lugar porque todos mereçem a chance de uma saída honrosa!


Clicando no texto em vermelho você encontrará:

  • Uma foto da prancha destruida pelo acidente.

  • Outras informações, como dados sobre o inquérito em si, a data e o número da portaria que abriu oficialmente o inquérito, etc.

Ruy Exel (exel@mtm.ufsc.br).